terça-feira, 21 de outubro de 2014

O Mistério da Fonte

O Mistério da Fonte

João da Silva Neves, era um habitante do Casal Cabreiro, mais propriamente no Alto da Bica, João era homem de poucas palavras, muito alto e tinha no seu semblante um ar carregado, era uma figura típica de ficção científica, raramente se via o Sr. João na rua, fazia da sua casa o seu esconderijo. João era um homem só, sua mulher já há muitos anos tinha falecido em casa, dizem os locais que teria sido uma morte estranha, muito se falou na altura que teria sido o próprio João que numa das muitas noites de discussão, teria dado uma tareia de tao forma grave, que teria sido ele o causador da morte da esposa.
João, vivia não se sabia de quê, muito estranho era o facto de ele só sair de casa já quando o sol se punha, só nessa altura João ia para as suas terras de candeia na mão e enxada na outra, cavava horas a fio, mas nada aparecia plantado, nem uma erva crescia naquele terreno, terreno esse muito rico, diziam os antigos que naquele campo deveria crescer todo o tipo de colheitas, até porque havia um riacho e sendo uma terra num vale muitos eram os nutrientes ali depositados.
Mas durante o tempo que João ali viveu, nada ali nasceu, outro episódio intrigante, era o facto de a meio do terreno haver um poço mas seco, mesmo em tempos de chuva e com o riacho ali tão perto, esse poço se encontrava seco, como se fosse um deserto.
Todas as manhãs, voltava para casa com uma saca enrolada á enxada e a candeia já apagada na outra, o que estaria nessa saca ninguém soube, diz-se que seria roupas de criança, sempre a mesma roupa, uns calções azuis, uma camisola de manga curta branca e uns chinelos de plástico, muito gastos. João nunca teve filhos, falou-se nesse tempo que a sua mulher teria abortado devido a mais uma das muitas surras que levou e a morte desse feto, teria tornado João das Neves o homem amargo e rude que era.
Certa manhã, um dos locais ao ir dar de beber aos burros, deparou-se com um corpo a boiar num pequeno tanque perto do lavadouro, lavadouro esse que fazia extrema com o terreno de João das Neves, ao retirarem o corpo do tanque… era João das Neves.
Desde essa altura a sua casa nunca mais foi aberta, encontrando-se hoje em dia em ruínas, a sua família nunca reclamou o corpo, desconhece-se que alguma vez João das Neves tenha sido visitado por algum familiar, nunca mais naquele “alto” viveu alguém, mas, o terreno que nunca teria dado qualquer legume, hoje era uma bela horta, cuidada e verdejante, o poço está cheio de água seja de Inverno ou Verão e espantem-se os mais sépticos… num pequeno cordel, todas as manhãs, estão roupas estendidas, uns calções azuis, uma camisola de manga curta branca e uns chinelos de plástico.

Quem seria este João das Neves?

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Setubal 2014

A tarde já estava a chegar ao fim quando cheguei a esta bela cidade de Setúbal. Sempre gostei muito desta zona já no princípio do ano, visitei Sesimbra e adorei, daí ter voltado. Não conhecia a cidade, somente a zona do Estádio dos meus bons tempos de Futebol, fiquei a conhecer toda a baixa da cidade, ruelas decoradas com motivos de pesca, becos estreitos, praças e pracetas muito bem arranjas, como por exemplo a praça do Município, com o edifício da Camara Municipal de Setúbal iluminado, digno de um palco de uma passagem de modelos. Ao percorrer a Cidade foram muitos os monumentos, estátuas, jardins, zonas cuidadas e limpas, ruas planas com bastantes transeuntes, pessoas simpáticas, afáveis e de fácil comunicação, uma coisa curiosa em todos os discursos, é que todos pareciam “vendedores da Cidade”, muitos foram os adjectivos á sua Cidade, com uma panóplia de qualidades enaltecidas, é perfeitamente normal, defenderam a sua terra e tentaram “vender o seu peixe”. Por falar em peixe, em Outubro, Setúbal vive o mês do Alcorraz, uma espécie de peixe típica desta zona, vive no estuário do Sado, um peixe muito branquinho, com alguma espinha, eu tive o privilégio de provar esta iguaria, num restaurante muito simpático, no qual servia-se o Alcorraz grelhado e eu atesto que, realmente é algo muito bom. Ficou a faltar o passeio de barco com a observação de golfinhos, mas ficará para uma próxima oportunidade… Obrigado Setúbal